Leninha minha, negror da minha
solidão... Eu te amo tanto, mas
tanto, Leninha, que o teu desprezo
chega a ser quase tão doloroso quanto
uma noite sem cigarro e pinga...
Se eu tivesse a graça de reencarnar
no teu ventre, Leninha...
Assim, tu me carregarias por nove
meses na tua barriga e depois
eu mamaria nos teus seios...
Tu me embalaria no teu colo,
cuidarias com zelo de todos os
meus desconfortos, me daria em forma
de amor de mãe todo carinho
que me negas agora...
Após teu desprezo me fazer morrer,
eu gostaria de um dia renascer
tendo-te como a genitora amiga.
Assim, no tempo das gravidezes,
me carregarias por nove meses
no oco santo da tua barriga...
Então, sentindo-me na tua barriga,
terias-me como alguma coisa amiga,
não como uma repelência nojenta.
Sentir-me-ias sair por tua vagina
como uma coisa maravilhosa e divina
rompendo as fibras de tua placenta...
Depois, partado, deitado no teu colo,
jamais irias me colocar no solo,
cuidarias dos meus medos e receios.
Farias dos teus braços uma clausura,
onde me darias com monástica ternura
os urbes montes dos teus brancos seios...
No aconchego do teu bom regaço,
num gesto brando, num abraço lasso,
me farias adormecer de contente.
E eu, de colo, inda nem com nome,
saciaria sofregamente minha fome
co´a seiva grossa do teu leite quente...
Esqueço-te ou não te esqueço?
Pensar a ferida ou pensar na ferida?
Recordo-te no vôo do noitibó contra
um frio lusco-fusco vespertino
de agosto, Leninha, meu quinhão
exagerado de saudade...
28 de dez. de 2009
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