É noite de lua cheia
E a dor, contente, semeia
A semente dos pesares.
Fervem metais nos cadinhos,
Há pavor nos escaninhos
Na noite dos avatares.
O fogo esparze centelhas
Que, rubras, candentes, vermelhas,
Queimam mil dragões lunares.
Já não existe premissa
Que justifique a injustiça
Na noite dos avatares.
Faz bem tempo que a soma
Que dá o total do coma
Já está suspensa nos ares.
Em meio a atropelo e susto,
Vem ver a alegria do justo
Na noite dos avatares.
E o homem que a terra habita
Exclama com voz mui contrita:
“Abriu-se a comporta dos mares!”
Ruge o trovão da procela
Que o abominável esfacela
Na noite dos avatares.
Tudo acontece de chofre:
É fogo, é fumaça, é enxofre,
Explosões elementares.
Vai-se da forma a beleza,
Na Terra só fica tristeza
Na noite dos avatares.
No mundo viveu morrendo,
Seguiu triste, despiciendo,
Rejeitado em mil lugares.
Se em vida não viu conforto,
Que o poupe Deus do aborto
Na noite dos avatares...
29 de dez. de 2009
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