O plutoporno era, há milênios, um santuário que sofria profanações todos os dias. Freqüentavam-no os nobres (os donos das patacas de ouro, homens doutos, versados em muitas ciências) e as coretzãs. Promoviam um ritual de orgia no lugar sagrado. Tal ritual consistia na ingestão de nosódios durante a orgia.
Os homens e as mulheres decentes, embora freqüentassem o plutoporno, não participavam de tão degradante coisa.
Via-se, no lado de fora, quando se olhava pelas janelas, um arvore que há muito havia secado.
Um dia, quando estavam no auge da barulheira dos urros e gemidos orgíacos, a árvore seca adornou-se de uma florescência exuberante. As cortezãs levantaram-se em sobressalto. Os donos das patacas de ouro não sabiam o que estava acontecendo, pois a visão era privilegio das cortezãs. Um rouxinol veio, pousou entre a florescência e passou a emitir uns sons estranhos.
- Ele não está cantando, está? – perguntou uma das cortezãs.
- Não, ele está chorando! – respondeu uma outra.
Então todas as coretzãs, em coro, perguntaram:
- Por que você está chorando por entre a florescência rouxinol? O rouxinol chorou mais um pouco e respondeu:
- Por causa de vocês, minhas filhas queridas...
O Universo, segundo teorias, não teve começo e nunca terá fim. Então, tudo é a eterna mesmice, tudo é sempre feito de novo.
“Não há nada de novo debaixo dos céus” diz as Escrituras. O que vier a ser já foi. A vida é, pois, uma eterna releitura. As juras de amor, o bom-dia cortês, o sorriso fingido ou sincero, o semblante da pessoa amada, o bater das horas na madrugada; a folha com sua coloração, seu formato e nervuras, seu crescer e depois cair suavemente sobre o riacho que corre; a cabeça com seu numero de fios de cabelo, sua canície e seu cérebro a pensar em algo querido ou odiado, tudo, tudo já foi...
Mas eu, poeta, quero fugir à regra e fazer algo de novo! Fá-lo-ei de novo na novidade do Amor, conforme disse Vieira. Fá-loéi nestas palavras sinceras prenhes de afeição, as quais ninguém nunca disse e nunca, nunca, pelos séculos dos séculos, dirá com tamanho amor: TE AMO TANTO JOÃOZINHA!...
28 de dez. de 2009
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