Buscando uma opção de lazer, fui sobremodo atraído por uma que um justo semiletrado me sugeriu. Quando dos seus ócios, porta-se comodamente em qualquer lugar e ali fica mudo q quedo. Logo, comentou ele, surge no campo de visão da mente um aspecto de mosaico composto de pequenos triângulos em relevo que são azuis, verdes, vermelhos, etc. a forma também varia, como se o mosaico estivesse em movimento.
Ainda segundo o que me disse, visita cavernas labirínticas por onde se vai procurando a saída, a qual dá sempre numa corrente límpida de água que corre por entre arbustos cerradíssimos, maravilhosamente espessos, tão espessos que até parece impossível meter a mãos no seu meio.
Há um desfile de milhares de rostos feios e bonitos. As carrancas logo se vão. “Já vi rostos muito lindos! Já vi perfis maravilhosamente lindos!”- me disse ele. “Ás vezes me dói à cabeça, pois procuro segurar as imagens para que elas não possam ir embora. Mas elas vão. Não posso segurá-las. Há noites em que eu, embora cansado pelo trabalho do dia, gostaria de não dormir só para ficar vendo estas coisas tão bonitas! Mas quando amanhece eu acordo e vi que dormi. Fico sentido por não ter podido continuar acordado vendo tudo aquilo”, disse.
Considerado bem, acho que esta é uma das melhores (ou a melhor) opções de lazer, já que não é preciso gastar nada. Estou sinceramente empenhado em compreender o meu bom e semiletrado amigo. Estou começando a entender porque ele é um “água-morna”, um “engolido-de-sapos”, um coitado que não é capaz de abrir a boca quando ate mesmo os familiares lhe dirigem injustamente palavras ásperas, um ser que não sabe odiar os que lhe surraram, cuspiram no seu rosto e zombaram dele.
28 de dez. de 2009
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