28 de dez. de 2009

Fragmentos VII

Uma observação constante me fez ver que procuramos estribar-nos em nossa auto-suficiência, que nos leva irremediavelmente ao colapso. Presumimos que tudo sabemos, que tudo é suscetível de ser passado pelo crivo do nosso intelecto e moldado à nossa vontade. Mas eis que um dia surgem circunstâncias constrangedoras, momentos em que injunções de uma ou de outra espécie nos tornam desnorteados ante as vicissitudes da vida. Desmorona-se a soberba. A pose, antes tão pomposa e ereta, é agora uma postura...uma impostura manifesta.

Ninguém é nada, exceto o Grande Ser, é auto-suficiente. Neste Universo em que até as galáxias interdependem, é uma besta quadrada aquele que se ufana de bastar-se a si mesmo.

E eu estive pensando (não sei se por sensatez ou pela premência dos fatos adversos) na grandiosidade da vida. Eu estou aqui escrevendo, pois penso. Por que? Não estou indagando tão somente pelo aspecto fisiológico. Eu nasci de meu pai e minha mãe, mas o que hoje constitui o meu corpo eu o sorvi da Natureza. Muitas proteínas que agora animam minha carcaça estavam ontem em um boi, em uma cenoura, em um pé de alface. Por que é que estas substancias, entrando no meu metabolismo, me facultam apreender coisas que exorbitam da esfera de capacidade e um cão, de um cavalo, de um frango. Perante a Lei, como se situa o frango do qual extraí as proteínas que me possibilitam conceber a Divindade, se ele, o frango, não À concebe? Ou concebe?

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